terça-feira, 10 de julho de 2012

Ciclos Eternos

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A eloquente vida de pessoas que passam despercebidas diariamente por nós já foi tratado da bíblia à constituição; contudo a existência das ditas cujas continuam fantasmagoricamente assoladas em becos e extremidades escuras das cidades. 
O que fazer?
Abaixar a cabeça e se esconder dentro da própria mente aparenta ser a melhor solução, não se misturar com tais seres desumanos é a resposta para todas as perguntas. Simplesmente ignorar e fazer com que o subconsciente não se recorde daquele momento constrangedor em que uma pequena mão solicitava algumas moedas.
Que mão? Não sei, o subconsciente já começou a trabalhar.
Frequentemente o caminho de casa para o trabalho se torna um verdadeiro labirinto, onde desviar para esquerda culminará em tropeçar na perna, ou melhor, na muleta de um aleijado vendedor de balas, e desviar para direita... você não irá desviar para direita; afinal, é preferível continuar seu trajeto atrás de uma idosa que não se aguenta em pé, do que aturar aqueles engraxates mirins, tentando limpar seu sapato com aquela pseudo graxa feita de óleo jogado fora das oficinas.
A sociedade optou por tampar os olhos e ouvidos das crianças de uma realidade que os açoita diariamente, e quando seus pais estiverem ausentes, a soberba construída dentro de seus  pequenos corações se transformará em irá e angustia.Uma falsa sensação de impotência ao indagar o motivo da omissão, o fará perceber que até seus pais já estão de olhos lacrados e ouvidos cerrados, e perder tempo com pessoas que estão destinadas a ter um futuro sombrio está fora de cogitação.
Com o tempo aquele jovem que se rebelou contra todos e levantou placas em prol de uma sociedade digna e solidária, percebe que seus esforços são em vão e se cala. Não por alguns segundos ou minutos. Cala-se tempo suficiente para lembrar de tampar os olhos e ouvidos de seus sucessores, e reiniciar um ciclo eterno. Um ciclo de hipocrisias e manipulações onde a mão continuará estendida e a sociedade calada!